segunda-feira, 24 de maio de 2010
A História da Vitamina C
“Em 20 de maio de 1747, aceitei vinte pacientes com escorbuto . . . Seus casos eram tão similares quanto consegui obtê-los” inicia o relatório do Dr. Lind. Suas conclusões mostravam “que os mais súbitos e melhores efeitos visíveis foram percebidos através do uso das laranjas e dos limões; aqueles que os haviam tomado ficando aptos para seu dever no fim de seis dias”.
Regozijou-se o mundo médico de seus dias? Não. Ao invés, a idéia de que a dieta provocava o escorbuto sofreu zombaria e repúdio. Não tomavam limão as tripulações de alguns navios e, ainda assim, contraíam escorbuto? Infelizmente, isto era verdade, mas tinham fervido o suco de limão, destruindo o que agora conhecemos como vitamina C.
Por fim, cerca de quarenta e sete anos depois, o Almirantado inglês permitiu que Lind repetisse suas experiências. Forneceu-se a toda uma frota suficiente suco de limão cru para uma viagem de vinte e três semanas. Os resultados foram tão espetaculares que um ano depois, em 1795, o suco de limão (mais tarde substituído por suco de lima) tornou-se parte da dieta regulamentada dos marujos ingleses. O escorbuto não mais era o ‘senhor das ondas’, e até mesmo hoje em dia os marujos britânicos são apelidados de “limeys” (abreviatura de bebedor de suco de limão)!
No entanto, só ocorreu lentamente o progresso em isolar-se a razão da eficácia dos limões, e de outros frutos e legumes. Em 1905, um holandês, o Professor Pekelharing, depois de suas experiências com camundongos, escreveu: “Há uma substância desconhecida, contida no leite, que mesmo que ingerida em dose muito ínfima, é de importância capital para a nutrição.” Ele mostrou que, mesmo diante da aparente abundância de alimentos (gorduras, proteínas, carboidratos), se faltasse tal “substância desconhecida”, os camundongos morreriam. Infelizmente, seu relatório foi publicado apenas em holandês e não gozou de circulação geral.
Malgrado esses obstáculos, a idéia de haver ‘elementos misteriosos’ necessários, por fim foi publicada e se creu nela. Podia-se ingerir grandes quantidades de ‘bons alimentos’ e, ainda assim, não obter os ‘elementos necessários’. Não constituíam combustível para o corpo, mas, de alguma forma, eram necessários para ele em sentido químico. Poderia algum deles ser isolado?
Por volta do início dos anos 1900, várias equipes de cientistas estavam ‘perto da pista’ da misteriosa substância de combate ao escorbuto. Em 1931, fez-se um concentrado de suco de limão 20.000 vezes mais potente que o suco original! Então ocorreram esforços intensivos de discernir a natureza exata deste composto vital. Uma vez determinada a sua “cadeia” ou estrutura molecular, poder-se-ia sintetizá-lo e produzi-lo em massa. E assim aconteceu que, em 1935, a vitamina C (também chamada apropriadamente de ácido ascórbico) tornou-se a primeira vitamina “pura” disponível ao público por meio da produção em larga escala.
Na busca da cura do escorbuto, porém, descobriu-se mais de uma vitamina. O homem aprendeu que uma moléstia nem sempre é provocada pelo ataque de alguma infecção ou bactéria. Às vezes é causada pela dieta deficiente.
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